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08 de Março

ENTRE FLORES E LUTAS: CELEBRAR 08 DE MARÇO

Apropriado como data festiva pela sociedade de consumo, dia no qual se deve parabenizar as mulheres por existirem, ofertando presentes e flores, o dia 08 de Março, Dia Internacional das Mulheres, é bem mais que uma data comemorativa e precisa ser marcado também pela continuidade da luta pelos direitos das mulheres.

 

O dia 08 de Março é o Dia Internacional das Mulheres. Apropriado como data festiva pela sociedade de consumo, dia no qual se deve parabenizar as mulheres por existirem, ofertando presentes e flores, entretanto, esse dia é bem mais que uma data comemorativa. Instituído em memória de trabalhadoras punidas com a morte por lutar por seus direitos, o dia 08 de Março concentrou movimentos de luta por direitos femininos precedentes a essa data e precisa ser marcado também pela continuidade da luta pelos direitos das mulheres, ainda que para algumas pessoas, o feminismo tenha perdido o lugar no mundo contemporâneo. É preciso dizer: o feminismo – reconfigurado, remodelado e atualizado – é mais necessário do que nunca. A desqualificação do feminismo é parte de uma estratégia de desmobilização e esvaziamento que, historicamente, sempre foi usada para gerar desequilíbrio nas relações de poder entre homens e mulheres e enfraquecer a sororidade entre as mulheres, no contexto patriarcal em que a sociedade se constitui.

“Mulheres devem ganhar menos que os homens, porque engravidam”: a fala recente do Deputado Federal Jair Bolsonaro é indicadora de que, sem desconsiderar os avanços conseguidos para as mulheres na sociedade brasileira, ainda há um longo caminho a percorrer até que o dia 08 de março possa ser visto apenas como uma celebração festiva. Medidas como a aprovação da Lei Maria da Penha ou a recente tipificação do crime de feminicídio são indicadores de que o movimento em direção à proteção de mulheres continua em andamento.

No entanto, os altíssimos índices de violência doméstica, as estatísticas que noticiam que no Brasil uma mulher é estuprada a cada dez minutos [segundo dados do Anuário de Segurança Pública 2014], a desigualdade de renda, o aumento dos lares chefiados por mulheres, a publicidade sexista que reduz as mulheres a seu corpo, as imposições sobre esse mesmo corpo por meio de procedimentos estéticos de alto risco, a ausência da garantia aos direitos reprodutivos, a insegurança nos espaços públicos e coletivos, dentre outros, são também indicadores de que, junto com as flores e os chocolates, as mensagens bonitas e homenagens, é preciso estabelecer políticas públicas que garantam equidade de gênero.

As manifestações sexistas e machistas nas redes sociais, sejam em comentários individuais ou na criação de páginas misóginas e ofensivas contra as mulheres, bem como a proliferação de doutrinas religiosas que defendem a submissão feminina, também são igualmente preocupantes. São sintomas de que as modificações na condição feminina e o maior acesso ao espaço público e de decisões continua a incomodar. Esse contexto evidencia que a discussão de gênero é urgente e sempre relevante. É preciso educar toda a sociedade para a não-violência de gênero (ou qualquer violência) e educar as meninas para a autonomia; é preciso garantir que mulheres não sejam desrespeitadas e agredidas simplesmente por ser mulheres ou meninas.

Que o dia 08 de Março assim seja: dia de felicitações e comemoração, mas também de mobilização para a luta pelos direitos das mulheres!!

Fonte: Dialogus